segunda-feira, outubro 30, 2006

Filme da Semana

Children of Men (2006)

Seria muito fácil arruinar esta história e este filme, mas será difícil apontar defeitos a um filme tão perfeito que quase apetece dizer que é indispensável ver e que posso, desde já dizer, que é um dos filmes do ano.
Alfonso Cuarón, realizador do aclamado "Y tu Mamá tambíen" e dos discutível "Harry Potter e o Prisioneiro de Azkabán", tem aqui oportunidade de mostrar o seu melhor filme até agora e de mostrar ao mundo uma faceta que poderá, a partir de agora, ser mais entusiasmante e apetecível para qualquer apreciador de bom cinema. O filme incluí um elenco vasto e bem escolhido com Clive Owen no centro das atenções. Clive Owen mostra uma naturalidade tal no papel que é credível e faz dele um actor a crescer, de filme para filme. É acompanhado por um brilhantismo de Michael Caine (numa interpretação de um velho "John Lennon", meio hippy, meio filósofo) e de uma curta aparição de Julianne Moore que brilha no ecrán com a ajuda fantástica da realização de fotografia, que vai pautando todo o filme num realismo atroz e numa destruição quase apocalíptica.
O filme tem por base uma ideia de que, por volta de 2009, o mundo sofre uma "doença" que afecta todas as mulheres do planeta: a infertilidade. Estamos em 2027 e o caos instala-se na maior parte das grandes cidades do globe terrestre, do qual Londres é-nos apresentado ao detalhe, através de brutais explosões terroristas e de uma brilhante demonstração de caos apocalíptico que se vive em cada canto da cidade. Tudo é monitorizado (efeito "big brother", de Orwell) e todos os emigrantes estão a ser deportados do pais. Vive-se um momento de tristeza quando se sabe da morte do ser humano mais novo do planeta, com apenas 18 anos. A partir destas premissas, o filme apresenta-se-nos como um "thriller" de acção futurista e apocalíptico, que nos transporta para momentos brutais e magnificos de cinematografia. O filme tem momentos de brilhantismo, como a cena em que Theo (Clive Owen) atravessa o corredor de um edifício destruído por balas e bombas, e é acariciado e venerado por todos os emigrantes e militares presentes. È um momento de rara beleza que define toda a realização de um artista em crescimento puro.

A FAVOR: a realização de Alfonso Cuarón, Clive Owen, Michael Caine e toda a fotografia realista que nos é oferecida.
CONTRA: a curta participação de Julianne Moore.

ESTRELAS: *****