sexta-feira, outubro 20, 2006

Filme da Semana

Marie-Antoinette (Sophia Coppola,2006)
Neste "quadro" pintado por S.Copolla, o perfectionismo é levado ao extremo. Aliás, neste filme tudo é levado ao extremo do bom gosto, sem cair no kitsch. As cores, as texturas, as sombras, os cabelos, os vestidos, as pinturas, a comida e as festas, tudo serve de meio para representar a extravagância da rainha Marie-Antoinette. O filme serve de veículo, quase documental, para nos retratar a rainha, que com apenas 18 anos reinou França durante 19 anos, até morrer às mãos do povo numa revolução anunciada.
O filme tem a capacidade de nos colocar ao nível de um nobre da corte que tudo vê e tudo ouve acerca da rainha, ao mesmo tempo que se afasta, por vezes, para apreciarmos a beleza de Kirsten Dunst. Aliás, Dunst parece encarnar o papel como se da rainha se tratasse. Receio mesmo dizer que se afirma como actriz e uma possivel candidata a nomeada para Actriz Principal. O filme terá, com certeza esse intuito, é previsível que seja nomeado para melhor guarda-roupa, melhor maquilhagem ou melhor fotografia ou mesmo, quem sabe, melhor direcção. Sophia Coppola parece ter amadurecido e tem aqui uma visão madura, carnal e romântica de toda uma corte que vivia em Versalhes. Coppola parece ter aproveitado da melhor maneira o facto de ser a primeira realizadora a poder filmar Versalhes, e fá-lo de uma forma sublime, acentuando pontos de fuga num horizonte longínquo e deserto ao fundo dos jardins, e enaltecendo detalhes em cada sala que filma, quer sejam eles os tectos, as paredes ou mesmo o mobiliário.
É um filme de extremos, que vai dividir a opinião de muita gente, mas não deixando ninguém indiferente. Mistura gostos e enaltece a superficilidade da época, com diálogos que pecam pela pobreza de espírito e de intelectualidade que escasseava na corte. Aos poucos, o filme parece inspirar-se na última película de Terrence Mallick, "O Novo Mundo", com uma estrutura dramática, romântica dando especial atenção aos cenários e à fotografia.
"Marie-Antoinette" é um filme essencial nos filmes de época, um pouco como "Barry Lindon" foi para Kubrick. Neste caso a aceitação do público é irrelevante, pois parece-me que este é um filme para ser venerado dentro de alguns anos, para podermos apreciar a arte de Coppola e vermos o quanto ela tem crescido enquanto realizadora, passando já a ser uma das melhores no seu ramo. Dentro de 50 anos faremos um balanço da sua carreira e veremos a importância que este filme teve no seu percurso artístico,mas imagino que o futuro será sempre grandioso,um pouco como Marie-Antoinette...
Estrelas:****