quarta-feira, novembro 29, 2006

TED TALKS

O Technology Entertainment Design (TED) é um evento que acontece uma vez por ano, em Monterey, na Califórnia e que pretende juntar mais de 1000 personalidades em conferências de grande relevância e interesse para qualquer cidadão do mundo, em que se fala de inúmeros assuntos, todos com conteúdos profundos, intelectuais e provocadores.
O resultado são conversas informais brilhantes que abrange qualquer área de interesse (ciência, artes, economia, design, sociologia,...). Estas conferências, ou "conversas" como preferirem, nunca foram antes mostradas ao público e, pela primeira vez, temos oportunidade de ver, ouvir e perceber o que se passa naquela sala e o que se conversa entre tantas mentes extraordinárias.

Para a área da arquitectura, vejam a apresentação de Joshua Prince-Ramus, um antigo colaborador de Rem Koolhaas (Casa da Música) que apresenta 3 projectos de uma forma inovadora e aliciante para qualquer cliente interessado e mostra claramente o que será o futuro desta profissão.

Para a área da economia, vejam o brilhantismo e humor de Steven Levitt, autor do célebre "Freakonomics" e que foi número um de vendas na FNAC, durante várias semanas e que fala da dinâmica social dos gangs nos Estados-Unidos e da sua organização interna, e o que ela reflecte a sociedade em geral, como a conhecemos.

Vejam, deliciem-se e aprendam nas TED TALKS.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Escapadelas de Arquitecto

"El casi centenario arquitecto brasileño Oscar Niemeyer se casó con su secretaria, la sexagenaria Vera Lucia Cabrera, en una ceremonia realizada a escondidas en Rio de Janeiro y avisó a su familia recién al día siguiente, informó hoy la prensa.

Niemayer, de 98 años, autor de más de 600 proyectos arquitectónicos en todo el mundo en 70 años de carrera, resolvió casarse el jueves pasado en una sencilla ceremonia nocturna y se lo comunicó a sus familiares el viernes, quienes lo recibieron con relativa sorpresa aunque con respeto por la decisión del afamado arquitecto.

"Vera y yo nos casamos el 16 de noviembre a las 22.30 en mi residencia, en una ceremonia simple de la cual sólo participaron las autoridades civiles que celebraron el acto y un pequeño grupo de amigos en calidad de testigos.


Por tratarse de un asunto de nuestra privacidad, Vera y yo queremos preservarlo de la curiosidad pública y no daremos entrevistas a la prensa sobre ello", señaló una breve nota del arquitecto. Cabreira era amiga de Niemeyer hacía tres décadas y trabajaba con él desde 1992.


Tras el enlace, realizado en su apartamento, ubicado en el residencial barrio de Ipanema, Niemeyer celebró la ocasión fumando habanos cubanos y vino, con autorización de su médico que acompaña su recuperación de una reciente cirugía de pelvis.


Niemeyer, quien estuvo casado durante 76 años con Annita Baldo, hasta que ésta falleció en 2004, fue operado el pasado 9 de octubre en el hospital Samaritano de Rio, por una fractura de pelvis luego de caerse en su estudio de arquitectura, frente a la playa de Copabana. El creador de edificios emblemáticos de Brasilia sigue en actividad diariamente con un promedio de cinco proyectos por mes, apoyado por nietos y bisnietos."


in "EMOL.EL MERCURIO ONLINE".


E assim a vida continua, e continua, e continua, e continua, e continua, e continua...pelo menos para Niemeyer!

sexta-feira, novembro 24, 2006

Exposição Gonçalo Byrne


Com a abertura da exposição "Geografias Vivas", no Centro Cultural de Belém, o arquitecto Gonçalo Byrne e os seus colaboradores, resolveram inaugurar também o seu novo site, repleto de imagens, desenhos e notícias que fazem parte do universo deste arquitecto e, um pouco também, da história da arquitectura contemporânea portuguesa dos últimos 34 anos, pois foi em 1972 que Byrne iniciou a sua profissão com a primeira obra, em Chelas numa conjunto residencial.
A Exposição reúne apenas 6 obras seleccionadas pelo arquitecto:
- Clube Naval e Complexo de Cais do Carvão (Funchal)
- Parque Forlani (Milão) - com PROAP
- Requalificação da Abadia de Santa Maria (Alcobaça) - com J.P Falcão de Campos
- Grande Espaço de Assembleias e Presbitério (Fátima)
- Sede do Governo da Província de Brabante Flamengo (Bélgica)
- Centro de Controlo Tráfego Marítimo do Porto de Lisboa (Algés)
Nesta exposição tentou-se uma abordagem concisa e formal, deixando para trás uma explicação técnica de cada projecto. Sente-se um entendimento imediato com cada obra e as maquetas, feitas a larga escala servem de visualização panorâmica das obras em questão. Em cada projecto, um video explicativo com conversas informais entre o arquitecto e diferentes convidados para diferentes casos, como Jorge Sampaio, Vittorio Gregotti e Nuno Portas. Um corredor negro leva-nos a descobrir fotografias e desenhos dos 6 projectos ao mesmo tempo que, ao longe, visualizamos cada projecto em questão. No fim do corredor, uma pequena sala com 3 computadores ligados à internet dá-nos conta da criação do seu novo site e da sua biografia.
Uma exposição curta, sintética e que serve de apresentação a velhos e novos conhecidos da obra do arquitecto Gonçalo Byrne. Relativamente aos projectos apresentados fica a sensação de que podia-se ter arriscado um pouco mais em projectos futuros, que possam estar ainda na "incubadora", como os projectos para a Vila Utopia, ou do complexo do Bom Sucesso em Óbidos.
Uma arquitectura sempre muito formal, despida de preconceitos e clichés, nova em cada abordagem mas que deixa sempre uma sensação de pouca ambição e inovação. Uma arquitectura capaz, madura e pensada para ser agradável de viver e sentir, mas que ambiciona pouco no lugar da arquitectura que hoje se faz em Portugal, essencialmente através de uma geração mais nova que se começa a revelar, através das obras de arquitectos tão díspares e diferentes como ARX, Aires Mateus, José Adrião, Pedro Gadanho, João Mendes Ribeiro, João Pedro Falcão de Campos, Cristina Guedes ou Inês Lobo, entre outros.
São gerações diferentes, convivendo ainda num mesmo espaço físico e num mesmo tipo de trabalho. Em termos comparativos, ainda, compare-se dois arquitectos da mesma geração com diferentes abordagens: Gonçalo Byrne e Eduardo Souto de Moura. Um resigna-se e contempla o que adquiriu através do anos, a experiência e o reconhecimento dos seus pares; outro, não se cansa de uma projecção para além fronteiras, experimenta e inovando a sua arquitectura, mantendo um traço reconhecível através dos décadas. Mas, afinal de contas, a arquitectura é isto mesmo, uma diversidade de escolhas e de trabalhos que só beneficia a sociedade, criando soluções adequadas para as necessidades que se apresentam à nossa frente, em determinada altura da vida profissional.

quarta-feira, novembro 22, 2006

Os Melhores...do New York Times

Para quem tem dinheiro, ou para quem acaba de ganhar o Euromilhões, as escolhas são infindáveis mas a verdade é que barretes existem muitos para enfiar e há que ter cuidado onde se gasta o dinheirinho.
O jornal New York Times acabou de lançar uma lista invejável de sítios e eventos a não faltar este inverno. Fazem parte de uma lista ao alcance de poucos e certamente ao alcance de poucas carteiras...aqui vai:

. Melhor Ilha: Saint-Lucia (ficar no Marigot Bay Hotel)
. Melhor Nova Maravilha do Mundo: Bagan, no Cambodja
. Melhor Local de Mergulho: Micronesia (centenas de quilómetros de barcos afundados, lindos recifes por explorar e um óptimo sítio para ficar, o Palau Pacific Resort)
. Melhor Fim do Ano: Ushuaia (é a nova Times Square e encontra-se na Argentina. Um bom sítio para ficar é o Hotel Los Acebos)
. Melhor Festival de Cinema: Berlinale (esqueçam Cannes, Veneza ou Sundance, depois da aparição do ano passado de R. Altman e de C. Chabrol tornou-se na nova meca do cinema europeu. Um óptimo hotel para ficar é o Hotel de Rome)

Aqui ficam óptimas notícias e conselhos para quem tem dinheiro e tempo para viajar e decobrir o melhor que o mundo nos oferece!

sexta-feira, novembro 17, 2006

Beijing - Pequim

Existem cidades como Lisboa, Manchester, Oslo, Amsterdão, ou Viena e depois existem "cidades" como Nova Iorque, Berlim, Paris, São Paulo ou Pequim. Cidades maior que a vida dos seus habitantes e que irão para sempre existir, no tempo e nas memórias dos seus habitantes e dos seus visitantes.
Pequim, para ser mais preciso, é uma cidade gigantesca. Uma cidade que adorava conhecer e que cada vez mais merece uma visita ao que de melhor e maior na arquitectura contemporânea existe actualmente. Obras de nomes tão sonantes das arquitectura moderna como Rem Koolhaas, Dominic Perrault, ou Christian de Portzamparc estão a transformar a outrora "cidade vermelha" numa meca da arquitectura.

Um recente estudo de urbanistas chineses revelou uma impressionante ambição dos seus futuros planos para a cidade: Pequim quer crescer, mas não para cima, como muitos ambicionariam, mas para baixo, sendo de prever que cerca de 30 milhões de metros quadrados possam ser construídos nas próximas décadas, numa cidade que já não pode crescer para os lados e pouco mais para cima.

O objectivo é criar uma nova cidade subterrânea que possa rivalizar com a que existe há séculos ao nível do mar, e já foram identificados 17 espaços onde tal pode acontecer, até 2020!


PS: Para quem gosta de cinema tente procurar um filme francês chamado "Renaissance" que foca a maior parte dos seus espaços exteriores em espaços construídos subterrâneamente na cidade de Paris em 2054. Um excelente exemplo a seguir para tempos futuros e planeamentos futuristas...

quinta-feira, novembro 16, 2006

Amadeo de Souza-Cardoso


Durante os próximos dois meses, na Fundação Calouste Gulbenkian, vai estar patente uma exposição do pintor português Amadeo de Souza-Cardoso. A Exposição pretende abranger o maior período de actividade do pintor, que se resume a aproximadamente uma década: entre 1907 e 1918. A exposição serve de veículo para um reencontro entre a sua obra e a de artistas estrangeiros seus contemporâneos, criados em círculos de amigos estrangeiros e nacionais, em cujas obras se revelam os sinais e as cumplicidades experimentais do tempo.

Este acontecimento cultural, que reúne um total aproximado de 260 obras, só é possível graças à colaboração de vários museus nacionais e internacionais, que disponibilizaram o empréstimo de prestigiadas obras dos seus acervos e de coleccionadores particulares, portugueses e estrangeiros. Destes coleccionadores salienta-se a colaboração incondicional dos herdeiros de Amadeo de Souza-Cardoso.


Fundação Calouste Gulbenkian
Galeria de Exposições da Sede (Piso 0 e 1)
de 15 de Novembro de 2006
a 14 de Janeiro de 2007
(das 10h às 18h)

terça-feira, novembro 07, 2006

"Como construir a sua moradia sem aturar um Arquitecto"

Um desconhecido arquitecto madeirense, de nome Rui Campos, escreveu há tempo um texto brilhante no seu sarcasmo e ironia relativamente à profissão de arquitecto em Portugal. O texto, impresso no Diário de Notícias da Madeira (Secção Arquitectura e Território) não é mais que uma fabulosa história de como realizar um projecto e construir uma casa sem ter que aturar "o chato" do arquitecto, e visto que tudo indica que vamos caminhar, de modo definitivo para esse caminho, toca a aprender, que não custa nada ...para isso, apenas tem que ler as seguintes instruções:
"Quantas pessoas, quando chega o momento de construir a moradia com que sempre sonharam, não passam pela aflição de perguntar a si próprias: será que vou ter de aturar um arquitecto?
Neste pequeno artigo, tentarei explicar como construir uma nova casa, sem se sujeitar às exigências de um desses profissionais. Para que o empreendimento seja levado a cabo com êxito há que fazer três importantes escolhas: estilo, técnico e empreiteiro.
O Estilo: Eis-nos perante a primeira decisão a tomar - o estilo da casa. Felizmente não é difícil porque existem apenas dois: o tradicional (também conhecido por rústico) e o moderno, que vem colhendo cada vez mais adeptos entre os jovens. O tradicional caracteriza-se pelo típico telhado de aba e canudo, a janela de alumínio aos quadradinhos, a lareira de cantaria com a sua chaminé e o imprescindível barbecue, testemunho dos inumeráveis prazeres da vida rústica.
Já o moderno é completamente diferente, tão diferente que até as coisas mudam de nome. O telhado desaparece, dando lugar à cobertura plana; a janela perde os quadradinhos e passa a chamar-se vão; à chaminé, em tubo de aço inoxidavel, chama-se fuga; e barbecue é um termo obsceno que deve ser evitado na presença das senhoras.
Não existem, pois, quaisquer espécie de dúvidas quanto a questões de estilo - ou se é tradicional ou se é moderno, as duas coisas ao mesmo tempo é impossível.
Escolhido o estilo, há que escolher o alfaiate, que aqui designaremos pelo técnico.
O Técnico: Trata-se de uma escolha muito fácil, porque o que não falta são técnicos. Intitulem-se eles construtores civis diplomados, agentes técnicos de engenharia, electricistas habilitados ou desenhadores habilidosos, todos se regem pela mesma cartilha, a de João de Deus: o pinto pia, a pipa pinga... Não passaram cinco anos a estudar arquitectura? Não estagiaram mais dois? Que importa isso? Concentremo-nos apenas nas suas virtudes:
1- Projecto elaborado em tempo recorde.
2- Preço: 999 .
Mas como conseguem eles ser tão eficazes? É simples: antes de encomendado, o projecto já está feito. Até parece milagre! Mas não é, o que se passa é o seguinte: o técnico tem duas pastas no computador, uma para projectos em estilo tradicional, outra para os modernos. Escolhido o estilo pelo cliente, é fácil, emenda daqui, remenda de acolá e, numa tarde, o projecto está feito! Para quê complicar? Mas o rapaz parecia semi-analfabeto, disse que não podia assinar o projecto, mas que havia outro técnico que podia....
Não é caso para preocupações, trata-se de uma situação corrente em que um técnico analfabeto paga a um técnico habilitado para que este, a troco de uns trocos, assine de cruz. Está tudo incluído no pacote e, (ironia do destino!), quantas vezes o técnico habilitado não é um arquitecto daqueles que faltaram às aulas de religião e moral...Aprovado o projecto, o técnico já não é preciso para nada. É dizer-lhe adeus que ele até agradece, porque de obra não percebe nada nem quer perceber, quem percebe disso é o empreiteiro a nossa terceira e última escolha.
O Empreiteiro: O primeiro encontro entre cliente e empreiteiro costuma ser decisivo. É nele que terá de se estabelecer, entre o primeiro e o segundo, uma relação de confiança cega, em tudo semelhante à fé. A fé de quem acredita que, com um projecto feito por um técnico, que não especifica nada, que não pormenoriza nada e que não quantifica nada, não vai ser enganado por um homem que passa o dia a fazer contas de cabeça... Entre cinco pequenos empreiteiros, como escolher o indicado para construir a moradia? Infelizmente, chegados a este ponto, não posso recomendar senão fé, muita fé e confiança, porque tudo o resto é irrelevante:
1- O valor do orçamento é irrelevante, foi feito com base no projecto do tal técnico, é um número atirado para o ar, um número que, com os imprevistos, há-de subir ainda umas quantas vezes.
2- O prazo estabelecido para concluir a obra vai depender do bom ou mau tempo e, nesse capítulo, só Deus sabe.
3- As garantias dadas são as que estão na lei - cinco anos.
Se a casa apresentar defeitos, reclame; se a reclamação não for atendida, recorra ao tribunal (também pode recorrer ao pai natal se achar que demora menos tempo...)Em suma, não vale a pena perder tempo com ninharias, o mais importante é ter fé.ConclusãoSe, apesar de conscienciosamente feitas estas três escolhas, as coisas não correrem lá muito bem, se a casa ficar pelo dobro do preço, se no Verão se assar lá dentro e no Inverno se tiritar de frio, se para abrir a porta do armário for preciso arrastar a mesa de cabeceira, se o vizinho protestar com o barbecu, se a cobertura plana meter água, não vale a pena desesperar, resta sempre a consolação de não ter tido de aturar um arquitecto.
Rui Campos Matos, arquitecto.
PS: Cliquem na imagem para terem uma noção bem real do que é um verdadeiro empreiteiro português!

segunda-feira, novembro 06, 2006

O Estado da (Ence)Nação

Neste dia venho a decobrir uma notícia através do site da Ordem dos Arqitectos que só confirma a podridão que reina neste país, em especial na área da legislação e da arquitectura em Portugal. Estamos a recuar, a passos largos, e ninguém parece importar-se muito com isso, nem mesmo a classe que deveria estar mais preocupada: os arquitectos.
Após anos e anos de batalhas, abaixo-assinados e revogações governamentais, este ano, mais precisamente a 18 de Maio, foi finalmente aceite uma revisão em Assembleia da República, por unanimidade de votos, do processo 73/73, que, deste 1973 tinha sido aplicado como medida transitória, permitindo a qualquer cidadão de construir e planear qualquer tipo de projecto em solo nacional. Isto, foi finalmente revisto e nos 30 dias que se seguiram à votação teria, a Assembleia e o Governo, que entregar uma nova proposta que impedisse este assombroso sistema que vigora há mais de 30 anos, e que tem ajudado consideravelmente a descaracterizar a face mais visível do nosso país.
O governo não redigiu a proposta estabelecida e foram dados passos atrás, como era previsível. O Instituto dos Mercados de Obras Públicas e Particulares e do Imobiliário (IMOPPI) propôs uma revisão em Julho a que só agora a Ordem dos Arquitectos teve acesso, vá-se lá saber porquê...a proposta requer que seja revista a revogação do 73/73 e que se volte a admitir que se façam projectos sem qualificação para tal, desde que o rpojecto em causa não exceda os 400 metros quadrados e que não exceda os dois pisos de altura...a situação é rídicula e mais rídicula ficaria se esta proposta fosse aceite em Assembleia, pois senão vejamos as razões que Helena Roseta, presidente da Ordem dos Arquitectos, defende para que tal não aconteça:
"A proposta do IMOPPI, a que só agora tivemos acesso através do Secretário de Estado Paulo Campos, não cumpre no essencial os objectivos pretendidos pela iniciativa de cidadãos aprovada na generalidade pela Assembleia da República.
Contraria mesmo o seu sentido global, ao admitir que “os projectos de edifícios correntes, sem exigências especiais, que não excedam dois pisos acima da soleira e cuja área não ultrapasse os 400m2 podem também ser elaborados por agentes técnicos de arquitectura e engenharia (…)”. Ficámos perplexos. Não se tem sequer a ideia do que significa este limiar de 400m2. Para além de toda a habitação unifamiliar, este limiar deixa de fora muitos equipamentos públicos, restaurantes, estabelecimentos comerciais, supermercados, escritórios e por aí fora. A esta área correspondem valores de obra de 400 ou 500 mil euros. Vai tudo isto ser excluído da exigência de ser pensado e projectado por um arquitecto, inscrito na Ordem, sujeito às regras disciplinares e deontológicas da profissão e consciente de todas as obrigações regulamentares do bem construir? A arquitectura não é um bem de luxo, é um bem de interesse público. O Estado não pode demitir-se do dever de exigir qualidade arquitectónica no dia-a-dia de todos os cidadãos."
"Se técnicos sem um diploma de arquitectura passassem a ter competência legal para fazer projectos de arquitectura, seria porventura inútil a existência de uma Ordem de Arquitectos.
Também seriam inúteis todos os esforços feitos pelo Estado e pelas Universidades, nas últimas décadas, no sentido de multiplicar licenciaturas em arquitectura a fim de pôr termo à carência de qualificações nesta disciplina profissional. Para que serviriam os mais de 30 cursos de arquitectura homologados pelo Estado português?"
"Para que servirão 5 anos de estudos superiores se com o equivalente ao 12º ano, ou com uma curta especialização tecnológica, se podem praticar os mesmos actos? É isto qualificar os recursos humanos, grande prioridade nacional todos os dias reafirmada pelo governo?"
"Estranha forma esta de zelar pela qualidade baixando o nível de exigências profissionais requeridas para a sua prática. Como é que se pode defender uma Política Nacional de Arquitectura,(...), entregando a técnicos sem qualificação superior a quantidade de construção que a proposta do IMOPPI permite? Estamos perante um grave equívoco: a questão não é de mera regulação de mercado, matéria a que o IMOPPI tem sabido responder bem, mas de qualificação, conhecimento e rigor técnico e científico."
"Para que servem as votações na Assembleia da República? (...)O país vai continuar a ser retalhado por construções espalhadas pelo território sem qualquer qualidade ou exigência? (...)Não faz sentido exigir arquitectos por um lado e dispensá-los por outro. O problema português não se resolve baixando exigências e qualificações, mas sim elevando-as."
Todo este assunto assusto qualquer profissional e futuro profissional arquitecto, mas a verdade é que esta notícia não pássa nas rádios e TV´s do nosso país, não é suficientemente mediática e isso só serve de desculpa para que nada se faça e ninguém se mexe, inclusive os interessados neste assunto, os arquitectos. Estranho país este que deixa qualquer um construir, planear, demolir e reconstruir o nosso país sem qualquer qualificação para tal, o que sentiriam as pessoas se fossem operadas no Hospital por alguém que não fosse médico, ou se fosse defendido em tribunal por alguém que não exercece ou conhecesse a lei do código civil. Pois é, não acontece pois não...depos admiram-se de tanta gente emigrar!

sexta-feira, novembro 03, 2006

O passar do tempo

Penso que a memória e o legado de alguém pode ser avaliado desta forma. Neste video Noah decidiu tirar fotografias dele próprio durante 6 anos todos os dias, com a mesma expressão. Parece um acto de loucos mas a verdade é que esta experiência vai para além da mera curiosidade, através do tempo e de cada fotografia conseguimos ver uma história, um percurso, dias cinzentos e dias de verão, dias tristes e dias alegres, e podemos constatar o passar do tempo, aquele enigma que nos faz olhar para trás e saber que deixámos algum rasto para outros seguirem, ou para outros admirarem, sabendo que não foi em vão que aqui vivemos e respirámos cada sopro de ar e cada batida do coração.

Um ritual familiar


Todas as famílias deviam ter um ritual como este. Uma fotografia repetida através do tempo. Isso sim é história e ver a família crescer, envelhecer e alterar-se, ou por vezes, manter-se igual anos após anos. É uma ideia fabulosa e o resultado é genial, vejam por vocês estes dois exemplos:
Família Velazco (1983 a 2006)
Famíla Goldberg (1976 a 2006).

quinta-feira, novembro 02, 2006

Danish language

Quando se fala do humor português, fala-se inevitavelmente, de Herman José e, mais recentemente do quarteto Gato Fedorento. O quarteto português faz humor com as características do típico português, e com elas somos capazes de rir e, por vezes mesmo, identificarmo-nos.
Neste programa Dinamarquês de humor, eles fazem o mesmo, mas de uma forma tão original que é de chorar a rir! Será que estão assim tão longe da verdade?