sexta-feira, novembro 24, 2006

Exposição Gonçalo Byrne


Com a abertura da exposição "Geografias Vivas", no Centro Cultural de Belém, o arquitecto Gonçalo Byrne e os seus colaboradores, resolveram inaugurar também o seu novo site, repleto de imagens, desenhos e notícias que fazem parte do universo deste arquitecto e, um pouco também, da história da arquitectura contemporânea portuguesa dos últimos 34 anos, pois foi em 1972 que Byrne iniciou a sua profissão com a primeira obra, em Chelas numa conjunto residencial.
A Exposição reúne apenas 6 obras seleccionadas pelo arquitecto:
- Clube Naval e Complexo de Cais do Carvão (Funchal)
- Parque Forlani (Milão) - com PROAP
- Requalificação da Abadia de Santa Maria (Alcobaça) - com J.P Falcão de Campos
- Grande Espaço de Assembleias e Presbitério (Fátima)
- Sede do Governo da Província de Brabante Flamengo (Bélgica)
- Centro de Controlo Tráfego Marítimo do Porto de Lisboa (Algés)
Nesta exposição tentou-se uma abordagem concisa e formal, deixando para trás uma explicação técnica de cada projecto. Sente-se um entendimento imediato com cada obra e as maquetas, feitas a larga escala servem de visualização panorâmica das obras em questão. Em cada projecto, um video explicativo com conversas informais entre o arquitecto e diferentes convidados para diferentes casos, como Jorge Sampaio, Vittorio Gregotti e Nuno Portas. Um corredor negro leva-nos a descobrir fotografias e desenhos dos 6 projectos ao mesmo tempo que, ao longe, visualizamos cada projecto em questão. No fim do corredor, uma pequena sala com 3 computadores ligados à internet dá-nos conta da criação do seu novo site e da sua biografia.
Uma exposição curta, sintética e que serve de apresentação a velhos e novos conhecidos da obra do arquitecto Gonçalo Byrne. Relativamente aos projectos apresentados fica a sensação de que podia-se ter arriscado um pouco mais em projectos futuros, que possam estar ainda na "incubadora", como os projectos para a Vila Utopia, ou do complexo do Bom Sucesso em Óbidos.
Uma arquitectura sempre muito formal, despida de preconceitos e clichés, nova em cada abordagem mas que deixa sempre uma sensação de pouca ambição e inovação. Uma arquitectura capaz, madura e pensada para ser agradável de viver e sentir, mas que ambiciona pouco no lugar da arquitectura que hoje se faz em Portugal, essencialmente através de uma geração mais nova que se começa a revelar, através das obras de arquitectos tão díspares e diferentes como ARX, Aires Mateus, José Adrião, Pedro Gadanho, João Mendes Ribeiro, João Pedro Falcão de Campos, Cristina Guedes ou Inês Lobo, entre outros.
São gerações diferentes, convivendo ainda num mesmo espaço físico e num mesmo tipo de trabalho. Em termos comparativos, ainda, compare-se dois arquitectos da mesma geração com diferentes abordagens: Gonçalo Byrne e Eduardo Souto de Moura. Um resigna-se e contempla o que adquiriu através do anos, a experiência e o reconhecimento dos seus pares; outro, não se cansa de uma projecção para além fronteiras, experimenta e inovando a sua arquitectura, mantendo um traço reconhecível através dos décadas. Mas, afinal de contas, a arquitectura é isto mesmo, uma diversidade de escolhas e de trabalhos que só beneficia a sociedade, criando soluções adequadas para as necessidades que se apresentam à nossa frente, em determinada altura da vida profissional.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Parabéns,

Para além da descrição da exposição estar muito detalhada, realmente concordo 100% com a defesa de que a actividade da "arquitectura é isto mesmo, uma diversidade de escolhas e de trabalhos que só beneficia a sociedade". Pelo menos deve ser esse o seu papel principal.

Já agora gostaria de acrescentar um link com uma descrição /Texto da mesma exposição realizada por João Barrento no âmbito de uma conferência que realizou no CCB sobre a mesma exposição (26 de Novembro).

http://escrito-a-lapis.blogspot.com/

Este texto pode ajudar a um leigo da arquitectura (como eu) a ver a exposição noutra vertente, dando a possibilidade de navegar nas experiências e sentimentos que um arquitecto tem ao realizar e sentir um projecto.

6:23 da tarde  

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