quarta-feira, dezembro 13, 2006

Filme da Semana

"Babel" - de Alejandro Gonzaléz Iñarritu

Apesar de ainda não ter estreado entre nós, foi-me possível ver a ante-estreia do novo filme de Iñarritu, realizador de outros filmes tão chocantes quanto comoventes como "21 Grams" (2003) ou "Amores Perros" (2000). A ante-estreia esteve relacionada com o festival de cinema ibérico que está este mês patente nos cinemas São Jorge denominado "HolaLisboa" e que incluí diversas longas e curtas metragens do cinema ibérico e que passarão ao longo do mês de Dezembro.


Relativamente ao filme "Babel", posso seguramente dizer que se trata de um filme direccionado para os Óscares que se aproximam a grande velocidade e que se trata do filme mais conseguido por Iñarritu ao longo da sua curta filmografia. Contador de histórias nato, cruza cafda uma delas (neste caso 4) para no fim as relacionar umas com as outras. Todas com diferentes actores e diferentes destinos mas que se relacionam pela questão da linguagem e da comunicação, hoje tão em voga num mundo que vive à velocidade da luz, e onde a linguagem continua a ser o único meio que diferencia os povos de cada região do mundo.


O filme incluí actores consagrados como Brad Pitt ou Cate Blanchett, mas é na desconhecida Adriana Barraza e na sua extraordinária e credível interpretação de ama mexicana, ilegal à 16 anos a viver nos Estados-Unidos, que nos mantemos atentos ao longo dos 142 minutos de película que atravessam fronteiras tão distintas como San Diego, México, Marrocos ou Tóquio. Cada imagem e cada diálogo parecem ser meticulosamente estudados e demonstram uma capacidade artística fora do vulgar no que diz respeito ao cinema contemporâneo.


Aliás, se pensarmos bem na produção cinematográfica dos últimos anos, veremos que existem diversos realizadores sul-americanos que estão a vingar em Hollywood por serem verdadeiros às histórias que contam e às imagens que filmam, como Iñarritu temos ainda Walter Salles ("The Motorcycle Diaries"-2004), Fernando Meirelles ("The Constant Gardener"-2005), Alfonso Cuarón ("Children of Men"-2006) ou ainda Guillermo del Toro ("Pawn´s Labyrinth"-2006). Existe uma nova vaga que invadiu o cinema americano e que pouco ou nada tem a ver com o que até agora nos habituámos a ver como cinema vindo de Hollywood. Para bem ou para mal (esperemos que para bem...), o cinema americano não será nunca mais o mesmo.


A FAVOR: a interligação das histórias, as personagens e Brad Pitt e Adriana Barraza.

CONTRA: alguma confusão inicial com o situação temporal das histórias.


TRAILER: aqui.

terça-feira, dezembro 12, 2006

A memória da guerra

Em Beirute subsistem edifícios sobreviventes à guerra e às suas atrocidades. Os edifícios, repletos de balas e dos seus buracos são prova disso mesmo e, como em outras cidades, a memória da guerra existe e permanece nessas fachadas.


"Bullet Lights" é uma intervenção do artista plástico Edwin Gardner, e pretende evocar espíritos e memórias de guerra que existem em centenas de cidades pelo mundo fora, representadas nas fachadas dos edíficios e nas suas ruínas. Esta forma de "arte" transforma a ideia de "despojos" de guerra e das suas atrocidades ao mesmo tempo que embeleza o seu interior e o seu exterior, trazendo para fora o seu reflexo das memórias de um tempo que passou.